havia algo que não se defendia,
não sabia como se defender,
não conseguiria, ainda que tentasse.
Havia algo que delatava o desejo,
os quarteirões da gente todos iluminados
com o fogo feliz da sensualidade,
iluminadas as ruas todas que dão
acesso ao lugar onde o corpo e a alma
costumam se encontrar e dançar numa única canção.
Havia algo que não podia ser negado,
preterido, amordaçado.
Algo que inaugura primavera, tanto faz se é inverno.
Algo raro e precioso.
Que é perfeito, ao mesmo tempo que
consegue incluir todas as imperfeições.
Que é lindo, ao mesmo tempo que consegue
integrar as esquisitices todas que gente também tem.
Havia amor e, de um jeito ou de outro,
sabíamos sem nos dizer, havia chegado pra ficar.
O amor, quando é amor, é amor.
[Ana Jácomo]
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